sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Para a gente pensar - Paulo Freire

"Não posso ser professor/se não percebo cada vez melhor/que/por não poder ser neutra,/minha prática exige de mim uma definição, uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha/entre isto e aquilo. Não posso ser professor/a favor de quem quer que seja/e a favor de não importa o que. Não posso ser professor/a favor simplesmente do Homem ou da Humanidade/frase de uma vaguidade/demasiado contrastante/com a concretude da prática educativa. Sou professor/ a favor da decência contra o despudor/ a favor da liberdade contra o autoritarismo/ da autoridade contra a licenciosidade/ da democracia contra a ditadura/ de direita ou de esquerda./ Sou professor a favor da luta constante/ contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica/dos indivíduos/ ou da classes sociais./ Sou professor/ contra a ordem capitalista vigente/ que inventou esta aberração/ a miséria na fartura. /Sou professor/ a favor/ da esperança/ que me anima apesar de tudo./ Sou professor/ contra o desengano/ que me consome e me imobiliza./ Sou professor/ a favor da boniteza de minha própria prática,/boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar/ se não brigo por este saber, se não luto pelas condições materiais necessárias/ sem as quais/ meu corpo descuidado, corre o risco de amofinar/ e de já não ser o testemunho que deve ser/ de lutador pertinaz, que cansa, mas não desiste." ( do livro: Pedagogia da Autonomia).



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