segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O prazer da leitura

Alfabetizar é ensinar a ler. A palavra alfabetizar vem de “alfabeto“. “Alfabeto“ é o conjunto das letras de uma língua, colocadas numa certa ordem. É a mesma coisa que “abecedário“. A palavra “alfabeto“ é formada com as duas primeiras letras do alfabeto grego: “alfa“ e “beta“. E “abecedário“, com a junção das quatro primeiras letras do nosso alfabeto: “a“, “b“, “c“ e “d“. Assim sendo, pensei a possibilidade engraçada de que “abecedarizar“, palavra inexistente, pudesse ser sinônima de “alfabetizar“...
“Alfabetizar“, palavra aparentemente inocente, contém uma teoria de como se aprende a ler. Aprende-se a ler aprendendo-se as letras do alfabeto. Primeiro as letras. Depois, juntando-se as letras, as sílabas. Depois, juntando-se as sílabas, aparecem as palavras...
E assim era. Lembro-me da criançada repetindo em coro, sob a regência da professora: “be a ba; be e be; be i bi; be o bo; be u bu“... Estou olhando para um cartão postal, miniatura de um dos cartazes que antigamente se usavam como tema de redação: uma menina cacheada, deitada de bruços sobre um divã, queixo apoiado na mão, tendo à sua frente um livro aberto onde se vê “fa“, “fe“, “fi“, “fo“, “fu“... (Centro de Referência do Professor, Centro de Memória, Praça da Liberdade, Belo Horizonte, MG.)
Se é assim que se ensina a ler, ensinando as letras, imagino que o ensino da música deveria se chamar “dorremizar“: aprender o dó, o ré, o mi... Juntam-se as notas e a música aparece! Posso imaginar, então, uma aula de iniciação musical em que os alunos ficassem repetindo as notas, sob a regência da professora, na esperança de que, da repetição das notas, a música aparecesse...
Todo mundo sabe que não é assim que se ensina música. A mãe pega o nenezinho e o embala, cantando uma canção de ninar. E o nenezinho entende a canção. O que o nenezinho ouve é a música, e não cada nota, separadamente! E a evidência da sua compreensão está no fato de que ele se tranquiliza e dorme – mesmo nada sabendo sobre notas! Eu aprendi a gostar de música clássica muito antes de saber as notas: minha mãe as tocava ao piano e elas ficaram gravadas na minha cabeça. Somente depois, já fascinado pela música, fui aprender as notas – porque queria tocar piano. A aprendizagem da música começa como percepção de uma totalidade – e nunca com o conhecimento das partes.
Isso é verdadeiro também sobre aprender a ler. Tudo começa quando a criança fica fascinada com as coisas maravilhosas que moram dentro do livro. Não são as letras, as sílabas e as palavras que fascinam. É a estória. A aprendizagem da leitura começa antes da aprendizagem das letras: quando alguém lê e a criança escuta com prazer. “Erotizada“ – sim, erotizada! – pelas delícias da leitura ouvida, a criança se volta para aqueles sinais misteriosos chamados letras. Deseja decifrá-los, compreendê-los – porque eles são a chave que abre o mundo das delícias que moram no livro! Deseja autonomia: ser capaz de chegar ao prazer do texto sem precisar da mediação da pessoa que o está lendo.
No primeiro momento as delícias do texto se encontram na fala do professor. Usando uma sugestão de Melanie Klein, o professor, no ato de ler para os seus alunos, é o “seio bom“, o mediador que liga o aluno ao prazer do texto. Confesso nunca ter tido prazer algum em aulas de gramática ou de análise sintática. Não foi nelas que aprendi as delícias da literatura. Mas me lembro com alegria das aulas de leitura. Na verdade, não eram aulas. Eram concertos. A professor lia, interpretava o texto, e nós ouvíamos extasiados. Ninguém falava. Antes de ler Monteiro Lobato, eu o ouvi. E o bom era que não havia provas sobre aquelas aulas. Era prazer puro. Existe uma incompatibilidade total entre a experiência prazerosa de leitura – experiência vagabunda! – e a experiência de ler a fim de responder questionários de interpretação e compreensão. Era sempre uma tristeza quando a professora fechava o livro...
Vejo, assim, a cena original: a mãe ou o pai, livro aberto, lendo para o filho... Essa experiência é o aperitivo que ficará para sempre guardado na memória afetiva da criança. Na ausência da mãe ou do pai a criança olhará para o livro com desejo e inveja. Desejo, porque ela quer experimentar as delícias que estão contidas nas palavras. E inveja, porque ela gostaria de ter o saber do pai e da mãe: eles são aqueles que têm a chave que abre as portas daquele mundo maravilhoso! Roland Barthes faz uso de uma linda metáfora poética para descrever o que ele desejava fazer, como professor: maternagem: continuar a fazer aquilo que a mãe faz. É isso mesmo: na escola, o professor deverá continuar o processo de leitura afetuosa. Ele lê: a criança ouve, extasiada! Seduzida, ela pedirá: “Por favor, me ensine! Eu quero poder entrar no livro por conta própria...“
Toda aprendizagem começa com um pedido. Se não houver o pedido, a aprendizagem não acontecerá. Há aquele velho ditado: “É fácil levar a égua até o meio do ribeirão. O difícil é convencer a égua a beber“. Traduzido pela Adélia Prado: “Não quero faca nem queijo. Quero é fome“. Metáfora para o professor: cozinheiro, Babette, que serve o aperitivo para que a criança tenha fome e deseje comer o texto...
Onde se encontra o prazer do texto? Onde se encontra o seu poder de seduzir? Tive a resposta para essa questão acidentalmente, sem que a tivesse procurado. Ele me disse que havia lido um lindo poema de Fernando Pessoa, e citou a primeira frase. Fiquei feliz porque eu também amava aquele poema. Aí ele começou a lê-lo. Estremeci. O poema – aquele poema que eu amava – estava horrível na sua leitura. As palavras que ele lia eram as palavras certas. Mas alguma coisa estava errada! A música estava errada! Todo texto tem dois elementos: as palavras, com o seu significado. E a música... Percebi, então, que todo texto literário se assemelha à música. Uma sonata de Mozart, por exemplo. A sua “letra“ está gravada no papel: as notas. Mas assim, escrita no papel, a sonata não existe como experiência estética. Está morta. É preciso que um intérprete dê vida às notas mortas. Martha Argerich, pianista suprema (sua interpretação do concerto n. 3 de Rachmaninoff me convenceu da superioridade das mulheres...) as toca: seus dedos deslizam leves, rápidos, vigorosos, vagarosos, suaves, nenhum deslize, nenhum tropeção: estamos possuídos pela beleza. A mesma partitura, as mesmas notas, nas mãos de um pianeiro: o toque é duro, sem leveza, tropeções, hesitações, esbarros, erros: é o horror, o desejo que o fim chegue logo.
Todo texto literário é uma partitura musical. As palavras são as notas. Se aquele que lê é um artista, se ele domina a técnica, se ele surfa sobre as palavras, se ele está possuído pelo texto – a beleza acontece. E o texto se apossa do corpo de quem ouve. Mas se aquele que lê não domina a técnica, se ele luta com as palavras, se ele não desliza sobre elas – a leitura não produz prazer: queremos que ela termine logo. Assim, quem ensina a ler, isto é, aquele que lê para que seus alunos tenham prazer no texto, tem de ser um artista. Só deveria ler aquele que está possuído pelo texto que lê. Por isso eu acho que deveria ser estabelecida em nossas escolas a prática de “concertos de leitura“. Se há concertos de música erudita, jazz e MPB – por que não concertos de leitura? Ouvindo, os alunos experimentarão os prazeres do ler. E acontecerá com a leitura o mesmo que acontece com a música: depois de ser picado pela sua beleza é impossível esquecer. Leitura é droga perigosa: vicia... Se os jovens não gostam de ler, a culpa não é deles. Foram forçados a aprender tantas coisas sobre os textos - gramática, usos da partícula “se“, dígrafos, encontros consonantais, análise sintática –que não houve tempo para serem iniciados na única coisa que importa: a beleza musical do texto literário: foi-lhes ensinada a anatomia morta do texto e não a sua erótica viva. Ler é fazer amor com as palavras. E essa transa literária se inicia antes que as crianças saibam os nomes das letras. Sem saber ler elas já são sensíveis à beleza. E a missão do professor? Mestre do kama-sutra da leitura...



Rubem Alves.




domingo, 28 de outubro de 2012

Leilão de Jardim







Quem me compra um jardim com flores?
Borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?
Quem me compra este caracol?
Quem me compra um raio de sol?
Um lagarto entre o muro e a hera,
uma estátua da Primavera?
          
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilinho dentro do chão?
  (Este é o meu leilão.)                                                                                                                                                                
                                           Cecília Meireles.
"Carregue com você o que te é essencial e, dentre elas, não pode, nunca, faltar: um carinho bom, um riso gostoso, aperto de mão, abraço amigo, palavras que salvam, amor verdadeiro, perdão que alivia e todo tipo de gente levinha".

_ Cris Carvalho

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A importância da leitura


A prática da leitura se faz presente em nossas vidas desde o momento em que começamos a "compreender" o mundo à nossa volta. No constante desejo de decifrar e interpretar o sentido das coisas que nos cercam, de perceber o mundo sob diversas perspectivas, de relacionar a realidade ficcional com a que vivemos, no contato com um livro, enfim, em todos estes casos estamos, de certa forma, lendo - embora, muitas vezes, não nos demos conta.
A atividade de leitura não corresponde a uma simples decodificação de símbolos, mas significa, de fato, interpretar e compreender o que se lê. Segundo Angela Kleiman, a leitura precisa permitir que o leitor apreenda o sentido do texto, não podendo transformar-se em mera decifração de signos linguísticos sem a compreensão semântica dos mesmos.
Nesse processamento do texto, tornam-se imprescindíveis também alguns conhecimentos prévios do leitor: os linguísticos, que correspondem ao vocabulário e regras da língua e seu uso; os textuais, que englobam o conjunto de noções e conceitos sobre o texto; e os de mundo, que correspondem ao acervo pessoal do leitor. Numa leitura satisfatória, ou seja, na qual a compreensão do que se lê é alcançada, esses diversos tipos de conhecimento estão em interação. Logo, percebemos que a leitura é um processo interativo.
Quando citamos a necessidade do conhecimento prévio de mundo para a compreensão da leitura, podemos inferir o caráter subjetivo que essa atividade assume. Conforme afirma Leonardo Boff,
cada um lê com os olhos que tem. E interpreta onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender o que alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo. Isto faz da leitura sempre um releitura. [...] Sendo assim, fica evidente que cada leitor é co-autor.
A partir daí, podemos começar a refletir sobre o relacionamento leitor-texto. Já dissemos que ler é, acima de tudo, compreender. Para que isso aconteça, além dos já referidos processamento cognitivo da leitura e conhecimentos prévios necessários a ela, é preciso que o leitor esteja comprometido com sua leitura. Ele precisa manter um posicionamento crítico sobre o que lê, não apenas passivo. Quando atende a essa necessidade, o leitor se projeta no texto, levando para dentro dele toda sua vivência pessoal, com suas emoções, expectativas, seus preconceitos etc. É por isso que consegue ser tocado pela leitura.
Assim, o leitor mergulha no texto e se confunde com ele, em busca de seu sentido. Isso é o que afirma Roland Barthes, quando compara o leitor a uma aranha:
[...] o texto se faz, se trabalha através de um entrelaçamento perpétuo; perdido neste tecido - nessa textura -, o sujeito se desfaz nele, qual uma aranha que se dissolve ela mesma nas secreções construtivas de sua teia.
Dessa forma, o único limite para a amplidão da leitura é a imaginação do leitor; é ele mesmo quem constrói as imagens acerca do que está lendo. Por isso ela se revela como uma atividade extremamente frutífera e prazerosa. Por meio dela, além de adquimirmos mais conhecimentos e cultura - o que nos fornece maior capacidade de diálogo e nos prepara melhor para atingir às necessidades de um mercado de trabalho exigente -, experimentamos novas experiências, ao conhecermos mais do mundo em que vivemos e também sobre nós mesmos, já que ela nos leva à reflexão.
E refletir, sabemos, é o que permite ao homem abrir as portas de sua percepção. Quando movido por curiosidade, pelo desejo de crescer, o homem se renova constantemente, tornando-se cada dia mais apto a estar no mundo, capaz de compreender até as entrelinhas daquilo que ouve e vê, do sistema em que está inserido. Assim, tem ampliada sua visão de mundo e seu horizonte de expectativas.
Desse modo, a leitura se configura como um poderoso e essencial instrumento libertário para a sobrevivência do homem.
Há entretanto, uma condição para que a leitura seja de fato prazerosa e válida: o desejo do leitor. Como afirma Daniel Pennac, "o verbo ler não suporta o imperativo". Quando transformada em obrigação, a leitura se resume a simples enfado. Para suscitar esse desejo e garantir o prazer da leitura, Pennac prescreve alguns direitos do leitor, como o de escolher o que quer ler, o de reler, o de ler em qualquer lugar, ou, até mesmo, o de não ler. Respeitados esses direitos, o leitor, da mesma forma, passa a respeitar e valorizar a leitura. Está criado, então, um vínculo indissociável. A leitura passa a ser um imã que atrai e prende o leitor, numa relação de amor da qual ele, por sua vez, não deseja desprender-se.

Maria Carolina
Professora de Língua Portuguesa e Redação do Ensino Médio e Normal
O livro é aquele brinquedo, por incrível que pareça, que, entre um mistério e um segredo, põe idéias na cabeça (Maria Dinorah)

Era uma vez...


Era uma vez um grupo de pessoas que acreditava que o sol poderia brilhar para todos, ou que a chuva podia regar a alma de qualquer pessoa.
Esse grupo era formado por meninos e meninas que carregavam um desejo em comum, o desejo de ver o amanhecer mais colorido e o entardecer mais calmo, sendo isso reflexo do coração das pessoas que por ali passarem.
Esse grupo resolveu levar para algumas crianças, adolescentes e idosos, um pouco de cor, em livros, em histórias, para que fosse plantada uma semente com uma única cor no coração de cada um, e juntando todas as sementes, através do dialogo e da troca das vivências, pudesse ter um arco-íris.
Desse arco-íris nasceu a imaginação, capaz de voar longe e visitar os lugares desconhecidos pelo corpo, mas vivenciados pela alma. Lugares cheios de amor e aprendizados. Quando se percebeu, quase todas essas pessoas estavam fazendo parte desses lugares e cada vez descobrindo coisas novas, a partir do crescimento da sementinha.

- Daniele Mallmann.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Festa Surpresa para o Prof Celso

Mais uma vez, combinamos tudo, e fizemos surpresa!

Deixando aqui, a mensagem dada ao Professor pelo grupo Hora do Conto.


Professor Celso... Como já dissemos algumas vezes, o grupo Hora do Conto é um coração só, formado por pessoas sensíveis, que riem, choram, sonham e acreditam em um mundo melhor...
Cada pessoa, com seu jeito, é essencial para que o coração mantenha-se sempre inteiro, sempre transmitindo amor... E tu és uma grande parte deste coração, um grande responsável pelo amor e sonhos do grupo...
Hoje, essa grande parte está completando mais um ano de vida, um ano de aprendizados, sonhos, alegrias, conquistas... Um ano em que se doou para as pessoas várias vezes e abraçou o mundo unicamente por amor... Um ano em que simplesmente pela presença, deixou as pessoas mais felizes...
És uma pessoa encantadora, cheia de luz e amor... Carrega no peito os melhores sentimentos que alguém pode ter... E pessoas assim, fazem uma diferença enorme na vida da gente...
Desejamos que encontre somente flores no teu caminho, e se encontrar pedras, faça delas o degrau para a tua subida...  Queremos que tu sejas feliz em todos os momentos, mas sabemos que nem sempre é possível sorrir para a vida, então, queremos que tu continues aprendendo... O que acha de trocar as palavras tristeza e decepção por aprendizagem? Então que sejas feliz e um eterno aprendiz...
Desejamos que a tua luz continue invadindo o coração das pessoas e transformando as coisas...
Queremos te desejar o melhor que existe no mundo... Saúde, amor, paz, alegrias, mas tudo isso ainda é pouco perto de tudo o que tu mereces... Então, desejamos que tenhas coragem. Coragem para enfrentar a vida e os desafios que ela coloca no caminho...  Que tenhas fé, para acreditar que amanhã será melhor.
Enfim, queremos te agradecer... Por tudo o que já fizeste, por todo o cuidado, todos os abraços, os olhares e as palavras de amor. Por todas as vezes que nos olhou devagar, enquanto algumas pessoas nos olham depressa... Obrigada por ter cruzado o nosso caminho e por fazer da nossa caminhada um momento de felicidade.
Obrigada por ter assinado o livro da nossa vida.
Feliz Aniversário!


Mais uma vez, o coração chamado Hora do Conto, transformou-se em um só.





Festa surpresa para a Mara

O grupo decidiu fazer uma festa surpresa para a colega Mara.
Combinamos e nos reunimos na casa dela.

Abaixo, deixo a mensagem que o grupo deixou em forma de lembrança.




Mara... Lembra que sempre dissemos que o grupo era formado por pessoas que acreditavam que as coisas pudessem mudar, pessoas sensíveis, e acima de tudo, pessoas choronas... Todos aqui fazem parte do coração da Hora do Conto, cada um com o seu jeito, com as suas vivências... Juntos somos um coração enorme, que se divide para levar sonhos para as pessoas...
Estamos muito felizes, por que um pedaço do nosso coração realizou um sonho, e nós nos realizamos juntos...
Existem pessoas capazes de colorir o mundo com pequenos gestos, com poucas palavras, capazes de cativar sem querer e de serem amadas por tudo o que são, tu é uma delas... Tu nos cativou e nós te admiramos por tudo o que tu fazes e o que tu contribui para que o sonho de hoje seja a realidade de amanhã...
És uma pessoa iluminada, consegue acender um local inteiro... Consegues colocar alegria no coração das pessoas, por que o teu coração está transbordando de coisas boas...
Às vezes pedimos muito e esquecemos de agradecer... Obrigada Mara, por fazer parte do grupo, obrigada por estar presente em nossa vida e por ocupar um lugar tão bonito no nosso coração... Obrigada por nos alegrar e por nos acompanhar...
Sabemos que tu és chorona, e pode estar chorando agora lendo isso... Mas não podemos deixar de dizer o quanto te admiramos, o quanto a tua presença contribui para a nossa felicidade...
Pessoas como tu são poucas, são eternas... Pessoas assim a gente cuida e carrega dentro do coração, e é isso o que fazemos contigo, te cuidamos e te levamos junto sempre!
O grupo Hora do Conto te ama muito e deseja que novos sonhos tornem-se realidade, estaremos sempre aqui para te dizer que vale a pena seguir em frente e para comemorar contigo as tuas realizações!
Um beijo no teu coração.

E assim, comemoramos e juntamos o coração da Hora do Conto.
A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria. (Freire)
                                                             

Para a gente pensar - Paulo Freire

"Não posso ser professor/se não percebo cada vez melhor/que/por não poder ser neutra,/minha prática exige de mim uma definição, uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha/entre isto e aquilo. Não posso ser professor/a favor de quem quer que seja/e a favor de não importa o que. Não posso ser professor/a favor simplesmente do Homem ou da Humanidade/frase de uma vaguidade/demasiado contrastante/com a concretude da prática educativa. Sou professor/ a favor da decência contra o despudor/ a favor da liberdade contra o autoritarismo/ da autoridade contra a licenciosidade/ da democracia contra a ditadura/ de direita ou de esquerda./ Sou professor a favor da luta constante/ contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica/dos indivíduos/ ou da classes sociais./ Sou professor/ contra a ordem capitalista vigente/ que inventou esta aberração/ a miséria na fartura. /Sou professor/ a favor/ da esperança/ que me anima apesar de tudo./ Sou professor/ contra o desengano/ que me consome e me imobiliza./ Sou professor/ a favor da boniteza de minha própria prática,/boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar/ se não brigo por este saber, se não luto pelas condições materiais necessárias/ sem as quais/ meu corpo descuidado, corre o risco de amofinar/ e de já não ser o testemunho que deve ser/ de lutador pertinaz, que cansa, mas não desiste." ( do livro: Pedagogia da Autonomia).