sábado, 2 de junho de 2012

l. APRESENTAÇÃO E JUSTIFICATIVA


     Durante o ano de 2007, trabalhando os escritos de Paulo Freire, passou-se a pensar em alguma atividade que demonstrasse que nós acadêmicos e professor acreditamos que a educação pode fazer algo para transformar a sociedade e emancipar e libertar as pessoas que vivem marginalizadas, silenciadas, dominadas e diminuídas na sua condição e dignidade humana em meio às estruturas excludentes da sociedade neoliberal capitalista.
            Com esse objetivo, um pequeno grupo de acadêmicos, do Centro de Educação/UFSM, começou a desenvolver um projeto de reabilitação do espaço da antiga Estação Ferroviária de Santa Maria, a GARE, incentivando a leitura da palavra e a leitura do mundo. Para tanto, começamos a desenvolver a Hora do Conto, com as crianças daquelas comunidade e a organizarmos uma Biblioteca que atendesse as necessidades daquela comunidade. Inicialmente, conhecíamos aquela comunidade, como uma invasão; no entanto, no decorrer do projeto, trabalhando e ouvindo as histórias destas crianças, compreendemos com elas que aqueles locais nos fizeram não eram uma “invasão”, e sim uma área de “apropriação”.
            Outros projetos de pesquisa e extensão, coordenados pelo professor Celso Henz, que visam colaborar com uma educação libertadora e com a formação continuada de professores,  com seus estudos e diálogos-problematizadores permanentes, nos remeteram a reflexões e a leituras que  nos possibilitaram uma maior aproximação com a realidade dos meninos e meninas da GARE, sobretudo na perspectiva freireana de que “a leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele” (FREIRE, 2006, p. 11). Desse modo, fomos percebendo que aquelas crianças, que apresentavam dificuldades na leitura das palavras, liam o mundo de uma maneira e com uma riqueza que nós não conhecíamos. Assim começou evidenciar-se que: “[...] tanto no caso do processo educativo quanto no ato político, uma das questões fundamentais seja a clareza em torno de a favor de quem e do quê, portanto contra quem e contra quê desenvolvemos a atividade política” (FREIRE, 2006, pág. 23).
As atividades de Hora do Conto acontecem a quase um ano na Biblioteca Pública e há três meses na GARE. Partindo dessas constatações, houve a necessidade de sistematizar os momentos vivenciados, dessa maneira, o projeto que surge com a possibilidade de despertar o gosto pela leitura e de atender integralmente às necessidades da infância, passou a ter o objetivo de possibilitar o desenvolvimento lúdico, imaginativo e crítico visando estimular a participação como cidadãos, tornando-se um agente reflexivo de dados, fatos e acontecimentos do mundo, criando e recriando seu papel na sociedade.
Para a concretização deste objetivo geral foram traçados alguns objetivos específicos: - incentivar o hábito da leitura e da escrita possibilitando o contato com os livros; - desenvolver a imaginação e criatividade; - valorizar a produção dos escritores locais; - proporcionar atividades diferenciadas para a comunidade; - reconhecer a Biblioteca como espaço de cultura e também de lazer.
Inicialmente propomos três perspectivas que norteiam o projeto:
- Desenvolver o hábito da leitura em comunidades carentes;
- Que leitura de mundo é feita a partir e com as histórias trabalhadas;
- Mostrar de que maneira as histórias influenciam na formação do ser cidadão.

            Assim, entende-se que o Curso de Pedagogia, o Centro de Educação e a UFSM podem tornar-se parceiros importantes para que este projeto Hora do Conto se torne apenas um “ler” histórias e palavras dos outros autores, mas a partir delas e com elas desencadear processos dialógico-problematizadores em que meninos e meninas possam “dizer a sua palavra” enquanto leitura do mundo em que estão vivendo (ou impedidos de viver) como gente. Ademais, abre-se a possibilidade de outras acadêmicos da UFSM integrarem o mesmo projeto, dando mais organicidade e dialeticidade a sua formação inicial de educadoras.
A continuidade deste projeto no ano de 2008, implica em pôr em prática essas mudanças. Gostaríamos que, antes de ler ou contar as histórias dos livros, cada um e cada uma pudesse contar a sua própria história.

Um comentário:

  1. Admiro a competência e a dedicação da Daniela pela bela criação deste blog!!!Meus respeitoooos...
    Com carinho!!!!Elô

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